quinta-feira, 5 de maio de 2011

San Gabriel




I


Inútil! Calmaria. Já colheram

As velas. As bandeiras sossegaram,

Que tão altas nos topes tremularam,

- Gaivotas que a voar desfalecera.


Pararam de remar! Emudeceram!

(Velhos ritmos que as ondas embalaram)

Que cilada que os ventos armaram!

A que foi que tão longe nos trouxeram?


San Gabriel, arcanjo tutelar,

Vem outra vez abençoar o mar,

Vem-nos guiar sobre a planície azul.


Vem-nos levar à conquista final

Da luz, do Bem, doce clarâo irreal.

Olhai! Parece o Cruzeiro do Sul!





II


Vem conduzir as naus, as caravelas,

Outra vez, pela noite, na ardentia,

Ativada das quilhas. Dir-se-ia

Irmos arando em um montão de estrelas.


Outra vez vamos! Côncavas as velas,

Cuja brancura, rútila de dia,

O luar dulcifica... Feeria

Do luar não mais deixe de envolvê-las!


Vem guiar-nos, Arcanjo, à nebulosa

Que do além vapora, luminosa,

E à noite lactescendo, onde, quietas


Fulgemas velas almas namoradas...

- Almas tristes, severas, resignadas,

De guerreiros, de santos, de poetas.



Camilo Pessanha




quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os Verdadeiros Portugueses




"Vós, portugueses, poucos quanto fortes
Que o fraco poder vosso não pesais,
Vós que, à custa de vossas várias mortes
A lei da vida eterna dilatais:
Assim do céu deitadas são as sortes
Que vós, por muito poucos que sejais,
Muito façais na santa Cristandade.
Que tanto, ó Cristo, exaltas a humildade."

Luís de Camões - Os Lusíadas

quarta-feira, 23 de março de 2011

Just One Man

Just one man
send it there!
Just one soul,
to bring control.

Calling from the past:
"this should not pass"
They urge you to
send just one there,

Just send one man!
Man!

When you do it then
it should not pass,
the japanse people
will do you justice.

Belive me so
When I say you that
The suffering ones
will have counsel

But the portuguese man,
the noble one,
the noble soul,
He'll still be there!

Just send one, man!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tejo

Tejo que me vês e que te vejo
Sereno.
Diz-me onde jazem agora
As caravelas!
Que sulcavam as tuas águas outrora.

Essas grandes damas
Que jaziam lânguidas
Nas tuas águas
Encantadas
Musas.

Ninfas
De poetas amenos.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Nostalgia do Futuro

Com a sua mãozinha de jade destapou o bule e mexeu o chá que serviu com delicadeza e parcimónia.
Houvera eu visto coisa igual outrora? A simplicidade da Natureza. Quando caem as primeiras chuvas trazendo junto a si as folhas secas do Outono e se dá em nós esta certeza de que só uma chávena do néctar dos deuses antigos servida pelas mãos mais delicadas de um anjo sagrado nos daria a força para enfrentar mais um Inverno. Mais um ano de conformidades.
Sorria, como quem fita com a nostalgia do passado as contrariedades que hão de vir.
Sabia então, como o sei agora, que esse breve momento, essa curta pausa nos processos do tempo que acompanham a agitada, frenética vida moderna, era a ocasião para uma nova busca, uma nova senda.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pequeno Grande País

Quando subi ao céu pela primeira vez
E vi o meu País tão pequenino
Perguntei: Quem te imaginou e quem te fez?

Subindo, subindo sempre ia vendo
O meu País a ficar cada vez mais pequenino
Perguntei então: Porque estás aqui, que estás fazendo?

Só então reparei nos outros Países que estavam junto dele
E como que o abraçavam, juntamente com o mar seu irmão
E declarei por fim: Agora sei porque estás aqui!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Caravela Errante


Aquela caravela que o mar abraçou
Não volta mais, já zarpou.
Lá iam nela o senhor Capitão
E o bom do meu irmão.

Lá ia também o senhor Padre
Com o seu missal,
Que não é nenhum cobarde

Não ia nada mal. Que visão sem igual!
Lançando fés por esses mares.
Parecia que voavam! Pelos ares!

O senhor gajeiro também lá ia
Todo encolhido, quem diria!?

Sete mares tem o mundo
Infinitos todos. Sem fundo!

Iriam todos perdidos!?
Perdidos não,
Iam nos braços do nosso Senhor
O Capitão.